Coreia manteve-se como um “Reino Eremita” no século XIX, o que significa que o país adotou uma política de isolamento e se recusou a se relacionar com outras nações. Essa postura foi em grande parte motivada por razões culturais e políticas, e também por preocupações com a influência estrangeira.
No entanto, durante o século XIX, vários países europeus e asiáticos começaram a buscar uma maior influência na região da Ásia Oriental, incluindo a península coreana. Japão, Rússia, China e Estados Unidos foram algumas das nações que buscaram exercer influência sobre a Coreia. Essa competição de poder levou à abertura forçada do país em 1876, quando a Coreia assinou o Tratado de Ganghwa com o Japão.
Após a abertura forçada, a Coreia se tornou um campo de batalha para a competição entre as potências imperiais em ascensão. O Japão rapidamente emergiu como uma potência regional e anexou a Coreia em 1910, controlando o país até o final da Segunda Guerra Mundial.
Guerra Russo-Japonesa
A Guerra Russo-Japonesa foi um conflito armado ocorrido entre 1904 e 1905 entre o Império Russo e o Império do Japão. O conflito teve como principal causa a disputa pelo controle da Manchúria e da península coreana, bem como interesses econômicos e estratégicos na região da Ásia Oriental.
A Guerra Russo-Japonesa, que ocorreu no nordeste da Ásia, foi uma das causas das revoltas internas que abalaram o regime político do czar Nicolau II da Rússia em 1905. A guerra trouxe consigo grandes perdas humanas e econômicas para a Rússia, além de expor as fraquezas do exército russo. A derrota na guerra e o tratado desfavorável assinado com o Japão aumentaram o descontentamento popular na Rússia e abalaram ainda mais a já instável situação política no país. A insatisfação popular cresceu e culminou em uma série de revoltas internas em 1905, conhecidas como a Revolução de 1905. Essas revoltas envolveram não apenas operários, camponeses, marinheiros e soldados, mas também outras classes sociais e grupos étnicos insatisfeitos com a situação política e econômica do país. Uma das revoltas mais famosas foi a Revolta do Couraçado Potemkin, ocorrida em junho de 1905, na qual a tripulação do navio Potemkin se rebelou contra os oficiais da Marinha russa e se juntou às forças revolucionárias. Essas revoltas foram reprimidas com violência pelo governo russo, mas levaram a concessões políticas significativas, incluindo a promulgação de uma constituição e a criação de uma Duma, um órgão legislativo eleito pelo povo.
O Japão era um país com tradições militares e apesar das crises econômicas, conseguiu impor uma derrota humilhante à Rússia na Guerra Russo-Japonesa. A Marinha japonesa era composta por navios menores e mais ágeis, mas com um poder de fogo superior aos navios russos, que eram pesados e antigos. A vitória japonesa na guerra marcou o reconhecimento do país como uma potência imperialista pelas diversas nações europeias, que antes o subestimavam. A derrota russa, por sua vez, expôs a fraqueza do regime czarista e contribuiu para a queda do regime, que foi concretizada com a Revolução de 1917.
A Guerra Russo-Japonesa também é considerada a “primeira grande guerra do século XX” por ter sido o primeiro grande conflito do século envolvendo grandes potências militares, o uso de tecnologia avançada em combate, e uma grande cobertura jornalística internacional. O conflito teve um impacto significativo no equilíbrio de poder na região da Ásia Oriental e influenciou eventos futuros, como a Primeira Guerra Mundial.
Após a vitória na Guerra Sino-Japonesa de 1894-1895 e na Guerra Russo-Japonesa de 1904-1905, o Japão expandiu seu império e estabeleceu uma esfera de influência na Ásia Oriental. Em 1910, o Japão anexou a Coreia à força e instituiu um governo colonial, controlando a península como uma colônia até o final da Segunda Guerra Mundial, em 1945. Durante esse período, o Japão impôs políticas opressivas à Coreia, suprimindo a cultura e a língua coreanas e forçando muitos coreanos a trabalhar em condições desumanas em fábricas e campos de trabalho. A anexação da Coreia foi um exemplo do expansionismo japonês na Ásia Oriental, que levou a tensões e conflitos com outras potências imperiais, como a China e a Rússia. A anexação e a subsequente colonização da Coreia também tiveram um impacto significativo na história e na cultura coreanas, e são consideradas um capítulo sombrio na história da relação entre Japão e Coreia.
Movimento de 1º de Março de 1919
A colonização japonesa da Coreia despertou um forte sentimento de patriotismo entre os coreanos. Muitos intelectuais coreanos e outros líderes nacionalistas resistiram ativamente à assimilação forçada pelo governo japonês, que incluía políticas destinadas a suprimir a identidade coreana e promover a cultura e a língua japonesas. A política oficial de assimilação do Japão incluiu medidas drásticas, como a proibição do ensino da língua coreana nas escolas e a imposição da língua japonesa como língua oficial da Coreia. Essas políticas foram resistentemente enfrentadas pelos coreanos, que organizaram movimentos de resistência, como o Movimento de 1º de Março de 1919, que foi uma manifestação pacífica em prol da independência da Coreia. Os intelectuais coreanos da época desempenharam um papel importante no despertar do sentimento nacionalista e na mobilização da população em torno da luta pela independência. Eles escreveram e distribuíram literatura nacionalista, fundaram escolas clandestinas para preservar a língua e a cultura coreanas e lideraram manifestações e protestos contra o domínio japonês. O patriotismo dos coreanos durante o período de colonização japonesa foi um fator importante na luta pela independência e na subsequente história da Coreia.
Embora a manifestação pacífica do Movimento pela Independência de 1º de março não tenha alcançado seu objetivo imediato de obter a independência da Coreia do domínio colonial japonês, ela foi um importante marco na luta pela independência e fortaleceu a identidade nacional e o patriotismo entre os coreanos. O movimento levou à criação de um governo provisório coreano no exílio em Xangai, liderado por líderes nacionalistas como Kim Gu, que continuaram a lutar pela independência da Coreia e a mobilizar apoio internacional. Além disso, grupos de guerrilha coreanos liderados pelo Exército de Independência da Coreia realizaram uma série de ataques contra as forças japonesas na Manchúria, apoiados pelo governo chinês. O Movimento pela Independência de 1º de março é lembrado como um momento importante na história coreana moderna e é comemorado como feriado nacional na Coreia do Sul.
Independência da Coreia
A independência da Coreia contra o domínio colonial japonês ocorreu após o fim da Segunda Guerra Mundial, quando as forças japonesas se renderam aos Aliados em agosto de 1945. O Japão havia ocupado a Coreia desde 1910 e implantado uma política de assimilação forçada, suprimindo a cultura e a língua coreanas e explorando os recursos naturais e humanos do país. Após a rendição japonesa, a Coreia foi temporariamente dividida em duas zonas de ocupação, uma controlada pelos soviéticos e outra pelos americanos. Os líderes nacionalistas coreanos, como Syngman Rhee, que haviam lutado pela independência durante o período colonial, retornaram do exílio e iniciaram negociações com as potências ocupantes para estabelecer um governo provisório e realizar eleições para uma assembleia constituinte.
No entanto, as negociações entre os líderes coreanos e os Aliados foram complicadas pela Guerra Fria e pelas divergências entre as superpotências sobre o futuro da península coreana. Em 1948, a Assembleia Nacional da Coreia do Sul elegeu Syngman Rhee como presidente, enquanto a Coreia do Norte estabeleceu um governo comunista sob o controle do Partido dos Trabalhadores da Coreia. As tensões entre as duas Coreias aumentaram ao longo dos anos, levando à Guerra da Coreia em 1950. A guerra terminou com um armistício em 1953, que deixou a península coreana dividida ao longo do paralelo 38, uma situação que persiste até hoje.