Com o fim da Segunda Guerra Mundial e a derrota do Império Japonês, a Coreia foi libertada do domínio japonês, e logo após a saída do Japão foi instaurado o Committee for the Preparation of Korean Independence (CPKI), um governo interino em Seul. A rendição oficial do Império Japonês ocorreu em 15 de agosto de 1945 e a decisão de separar a península coreana ao longo do paralelo 38° foi ministrada pelo governo americano durante os dias 10 e 11 de agosto de 1945, com o intuito de se antecipar a uma provável ocupação do território coreano pelos soviéticos, que já haviam declarado guerra ao Japão em 8 de agosto (LEW,2000; SETH,2010)
O território norte foi ocupado pelas forças militares soviéticas e o sul pelo exército americano. O governo americano apoiou a instalação do governo sul-coreano para a independência e restabelecimento da democracia na península, além da estratégia militar da ocupação americana. A redemocratização e a autodeterminação nacional da Coreia do Sul era necessário dentro dos interesses americanos.
Ao norte da península, o poder foi compartilhado com comunistas coreanos, o governo soviético apoiou os comitês já formados no território. Em outubro de 1945, Kim II Sung foi promovido a líder do movimento comunista no norte, os soviéticos eliminaram os grupos opositores e uniram os comitês provinciais do norte do Partido Comunista da Coreia para formar o Partido Comunista da Coreia do Norte, em dezembro de 1945 (SETH,2010).
Portanto, foi instalada a Guerra Fria na Coreia e o futuro da Península coreana se tornou incerto. Em setembro de 1947, o governo americano convocou a Organização das Nações Unidas (ONU) que se tornou responsável por qualquer desfecho sobre a divisão da península, (LEW,2000).
Em novembro de 1947, a Assembleia Geral da ONU solicitou a realização de eleições gerais na Coreia, que ocorreriam sob a supervisão da ONU, para o estabelecimento de um governo nacional coreano. Foi organizada uma comissão formada por nove nações, United Nations Temporary Commission on Korea (UNTCOK), responsável pela realização das eleições. A solução eleitoral encontrada pela comissão e aprovada pela Assembleia Geral foi realizada somente onde era “viável”, ou seja, na parte do sul da península. A eleição foi realizada na península coreana em 1948 e Syngman Rhee foi eleito como o primeiro presidente da República da Coreia. Os Estados Unidos reconheceram a República da Coreia em janeiro de 1949, e em junho do mesmo ano retirou suas tropas da península (LEW, 2000).
Ao norte da península, os soviéticos se opuseram à decisão da ONU e houve a realização de eleições no Norte, surgindo assim, a República Popular Democrática da Coreia. Em 25 de Junho de 1950, o exército da Coreia do Norte, alegando uma suposta transgressão do Paralelo 38º, atravessa o Paralelo 38º e invade a Coreia do Sul com cerca de 75.000 soldados dando início a chamada Guerra da Coreia que durou até 1953 (25 de junho de 1950 – 27 de julho de 1953).
Esta invasão foi a primeira ação militar da Guerra Fria. Esse confronto, na verdade, foi uma disputa indireta entre as grandes potências que dominavam a cena política internacional durante a chamada Guerra Fria. Em 27 de junho, o Conselho da ONU aprovou a Resolução 83, condenando a invasão e despachando uma tropa sob a bandeira das Nações Unidas para restabelecer a paz na península coreana. Cerca de vinte e um países comprometeram forças militares para a missão da ONU, sendo que 88% desses soldados eram, na verdade, americanos. Em julho, as tropas americanas entraram na guerra para apoiar a Coreia do Sul.
A invasão norte-coreana foi uma surpresa alarmante para as autoridades americanas. Não se tratava uma simples disputa de fronteira entre duas Coreias. Isso poderia ser o primeiro passo em uma campanha comunista para dominar o mundo. Por isso, para as autoridades americanas foi considerada uma guerra contra as forças do próprio comunismo internacional.
No início, a guerra era defensiva – uma guerra para expulsar os comunistas da Coreia do Sul – e isso foi mal para os Aliados. Em setembro de 1950, os Aliados lançaram uma contra-ofensiva em Incheon e impuseram um grande revés ao exército da Coreia do Norte. Utilizando de sua superioridade bélica e de recursos, os Estados Unidos e seus aliados continuaram a forçar o recuo dos norte-coreanos até além de suas próprias fronteiras, o que levou a China a agir, mandando os seus exércitos cruzarem o rio Amrok-gang, entrando oficialmente na guerra em favor da Coreia do Norte. Isso forçou as forças da ONU a recuar e a intervenção chinesa acabou levando a guerra a um impasse.
Finalmente, em julho de 1953, a Guerra da Coreia chegou ao fim. Após três anos de guerra, em 27 de julho de 1953, um Acordo de Armistício foi assinado. O acordo firmou a Zona Desmilitarizada da Coreia (DMZ) para dividir a Coreia do Norte e a Coreia do Sul, e permitiu a troca de prisioneiros. No entanto, as duas Coreias ainda se encontram tecnicamente em guerra.
Estima-se que cerca de 5 milhões de pessoas perderam a vida, 100 mil ficaram feridos e milhares de coreanos tornaram-se refugiados em outros países devido a esse conflito. A Guerra da Coreia durou de 1950 até 1953. Ao todo, mais de 3 milhões de vidas coreanas foram perdidas na Guerra, além de cerca de 700.000 chineses, 33.629 americanos e por fim, 3,143 militares das tropas da ONU (KIM,2005).
Referências
- https://journals.openedition.org/confins/18851
- https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_da_Coreia
- KIM, Djun Kil, The History of Korea, Greenwood Press,2005
- LEW, Young Ick, Brief History of Korea: A Bird’s-Eye View, The Korea Society, New York, 2000
- SETH, Michael J, A concise history of modern Korea : from the late nineteenth century to thepresent, Rowman & Littlefield Publishers,United Kingodom, 2010
