LITERATURA COREANA

A literatura da Coreia geralmente é segmentada ao longo do tempo em eras clássica e moderna. A literatura clássica coreana floresceu contra o pano de fundo das crenças folclóricas tradicionais, sendo profundamente permeada pelas doutrinas do Taoísmo, Confucionismo e Budismo. Dentro desse panorama, a influência do Budismo foi particularmente proeminente, emergindo como dominante, seguida pelas correntes do pensamento confucionista durante a Dinastia Joseon.

Por outro prisma, a literatura contemporânea da Coreia foi moldada através do seu contato com os ventos culturais ocidentais, embarcando em uma jornada de modernização. Nesse processo, não apenas ideias cristãs, mas também diversas correntes e influências artísticas provenientes do Ocidente foram adotadas. À medida que os movimentos da “Nova Educação” e o “Movimento Literário para a Língua Nacional” ganhavam ímpeto, a escrita chinesa, que tradicionalmente representava a cultura da classe dominante, começou a perder gradualmente sua função sócio-cultural outrora estabelecida.

A poesia Hyangga durante o Período Silla marcou o surgimento de uma expressão poética distintiva na literatura da Coreia. Hyangga foi perpetuada através de hyangchal, um sistema de escrita no qual a antiga língua coreana era capturada por meio da fusão de “sons” (eum) e “significados” (hun) do ideograma chinês. Quatorze composições poéticas no estilo hyangchal, originárias do Reino de Silla, foram preservadas no livro intitulado “Samgungyusa” (Memorabilia dos Três Reinos).

Samgungyusa

A literatura durante o período da Dinastia Goryeo revela um aumento progressivo na adoção dos caracteres chineses, o declínio da Hyangga e o surgimento das Goryeogayo (cantigas de Goryeo), que persistiram como formas de expressão literária transmitidas oralmente até o período Joseon. Contudo, um ponto de virada crucial na história literária coreana foi alcançado com a invenção do Hangul, no início da Dinastia Joseon. O Akjang (notas musicais) foi registrado em língua coreana, a exemplo das Yongbieocheonga (Cantigas de Dragões Voando pelo Céu).

Essa compilação representou o primeiro segmento textual em língua coreana, afastando-se de uma prolongada história ancorada em caracteres chineses, e foi meticulosamente consignada em Hangul, o primordial e oficial alfabeto da Coreia. Para além da fundação da Dinastia Joseon, diversas temáticas subjacentes ganham relevância fundamental na decifração dos desencadeadores que impeliram a concepção destes poemas: eventos de natureza linear ocorridos na China, a ascensão de monarcas virtuosos após a derrocada da Dinastia Goryeo, bem como as ideologias políticas e filosóficas de matiz confuciano então em contraposição ao budismo.

Cada um dos poemas embebidos nesta obra refrata sentimentos de ardente patriotismo e reverbera uma altiva declaração de independência cultural perante o jugo do Império Mongol. O termo “Yongbieocheonga” (hangul: 용비어천가, hanja: 龍飛 御 天歌) traduz-se literalmente como “Cantos dos Dragões Alçando Voo aos Céus”. Esta antologia foi compilada durante o reinado de Sejong, o Grande, representando uma ratificação oficial da Dinastia Joseon e sua linhagem ancestral como precursores de Joseon, a Era Dourada da Coreia. A gênese destas cantigas deriva da colaboração entre um comitê de filólogos e eruditos confucionistas, e se materializa em uma coleção de 125 cânticos.

Verso Yongbieocheonga
A obra elogia a virtude de ancestrais da família Yi, família fundadora da Dinastia Joseon, comparando-os a uma árvore de raiz profunda e a uma fonte de águas profundas.

Sijo (também conhecida como antiga ode) emerge como a expressão poética preeminente durante o período de Joseon. O molde dessa forma lírica tomou forma nos últimos momentos do período de Goryeo, porém desabrochou de maneira vigorosa sob a égide da nova ideologia predominante durante a era de Joseon, o Neoconfucionismo da Dinastia Song da China.

Honggildongjeon” (também conhecido como “Histórias de Hong Gil-dong”), a primeira obra de ficção publicada em língua coreana, se revela como uma criação permeada de crítica social, na qual o autor investe severamente contra as disparidades sociais intrínsecas à Dinastia Joseon. Em especial, o enredo enfoca de maneira vívida e impactante as injustiças que orbitam em torno da discriminação dirigida aos filhos ilegítimos, bem como as desigualdades alimentadas pelas posses materiais.

Outra expressão lírica do período Joseon, intitulada Gasa, também assume a forma de verso, no entanto, suas fronteiras temáticas não se limitam a meras manifestações de sentimentos pessoais. Em ocasiões, essa forma de poesia se estende para transmitir avisos e conselhos de teor pedagógico.

As primeiras incursões na ficção coreana se materializaram nas “Histórias de Geumo” (Geumosinhwa), creditadas a Kim Si-seup e redigidas em chinês clássico, e nas “Histórias de Hong Gil-dong” (Honggildongjeon), escritas em Hangul (o alfabeto coreano). À medida que o tempo transcorria, o uso difundido do Hangul na sociedade sul-coreana ganhava tração, fomentando o avanço dos estudos da língua e literatura nativas. A literatura moderna do país surgiu como reação à mentalidade enraizada na sociedade feudal decadente da Dinastia Joseon, e como resultado da assimilação de novas concepções provenientes do Ocidente. Nesse contexto, a Changga (uma nova forma de canção) e a Sinchesi (a poesia moderna) ganharam reconhecimento como expressões poéticas inovadoras.

A literatura moderna da Coreia se desenvolveu gradualmente através da influência de interações culturais ocidentais, potencializadas pelo comércio e o crescimento econômico. A literatura moderna se entrelaça com o avanço do hangul, o qual contribuiu para elevar os índices de alfabetização da classe trabalhadora. O Hangul atingiu sua época áurea na segunda metade do século XIX, desencadeando um ressurgimento substancial. Exemplares disso são os “Sinsoseol”, romances escritos em Hangul.

A fé cristã adentrou a paisagem coreana, culminando na publicação da primeira edição completa da Bíblia em coreano, em 1910. Contudo, foram principalmente as influências das escolas ocidentais que moldaram a literatura do país. A música e poesia clássicas, previamente ligadas ao changgok, passaram a ser consideradas obsoletas e ultrapassadas. Um momento marco foi a publicação de “Pilgrim’s Progress” de John Bunyan (em coreano: 천로 역정 Cheonno-yeokjeong), traduzida por James Scarth Gale (1893), marcando a primeira obra ficcional impressa em coreano.

Em 1877, o rei Gojong e a rainha Min enviaram um grupo de coreanos ao Japão com o intuito de examinar as transformações tecnológicas e sociais ocorridas no país. A descoberta surpreendeu-os, pois, enquanto a Coreia já se autoproclamava o epicentro moderno da Ásia, o Japão havia galgado muito além das expectativas ou vivências coreanas em termos de modernização. Embora a Rainha Min tenha determinado que a Coreia deveria empreender um programa de modernização, muitos yangban (a classe letrada) se opuseram veementemente, visto que perceberam, com razão, que isso representava uma ameaça à estrutura da sociedade confuciana na qual haviam florescido. Concomitantemente, alguns yangban também apoiaram o movimento de modernização, dando origem ao Movimento Progressivo no final da década de 1870. Esse grupo defendeu a modernização social e econômica, incluindo, de maneira controversa, a igualdade de gênero.

Nesse cenário, a Coreia iniciou suas primeiras incursões na literatura moderna. Alguns críticos sul-coreanos situam o início da Era do Iluminismo por volta de 1860, argumentando que nesse período até mesmo os literatos tradicionais que ainda escreviam em chinês estavam começando a incorporar temas de renascimento e iluminação. Simultaneamente, o Movimento Tonghak foi fundado por Ch’oe Che-u, como uma reação neoconfucionista ao “aprendizado ocidental”. Com o avançar do século, o ímpeto do Iluminismo ganhou força, atingindo seu ápice na última década do século. Alguns outros críticos fixam o início do Iluminismo propriamente dito nesse período. No entanto, a datação dessa era de iluminação é debatida e seu alcance foi breve, sendo ainda mais distorcido pelo jugo do colonialismo japonês. Entretanto, os esforços incansáveis e propositados realizados nesse período ressaltam a ânsia da Coreia em traçar uma trilha em direção à modernização literária, iluminando as possíveis trajetórias que essa modernização poderia ter seguido.

O assim chamado “Novo Romance” emergiu como uma fase de transição, sendo em parte moldado em resposta à crescente exposição da Coreia ao mundo exterior e antecedendo sua completa colonização pelo Japão. Durante o século 19, enquanto a Dinastia Joseon testemunhava seu declínio, o império japonês expandia-se, e as influências literárias ocidentais (ainda que filtradas primeiramente pelo Japão e China) começavam a penetrar a esfera dos escritores coreanos, deixando sua marca. A reputação da China declinava à medida que os intelectuais se esforçavam para reconstruir a Coreia como uma nação independente. Isso desencadeou, entre outras reações, uma rejeição enérgica do chinês como língua literária coreana, embora a literatura chinesa moderna continuasse a exercer influência sobre a literatura local.

Essa mudança literária foi grandemente respaldada por dois movimentos sociais: a Nova Educação e o Movimento da Língua e Literatura Coreana. As Reformas de Gabo, em 1894, introduziram um estilo educacional de cunho ocidental. Paralelamente, a tecnologia de publicação estava passando por transformações à medida que os jornais ganhavam ascendência, tornando-se o primeiro refúgio para a literatura da Era do Iluminismo. De fato, os romances seriados constituíam um traço frequente na maioria dos jornais dessa época, o que sugere que deveriam ser considerados parte integral da literatura coreana ou seu processo evolutivo.

O primeiro jornal coreano foi o Hansong Sunbo (1883) e o governo também publicou, inicialmente em chinês, mas posteriormente em Hangul e Hanja.

Outros jornais “modernizadores” também surgiram, como o Pak Mun-guk. A missão deste periódico era disseminar novas ideias, no entanto, sua existência se limitou a cinco anos. Um jornal totalmente em Hangul só surgiu em 1894, quando o rei e a rainha patrocinaram o semanário “Ganjo Shimpo” (The Seoul News). Em 1896, o efêmero “The Independent” (1896-1899) também foi publicado em Hangul, mas acabou sendo fechado pelo governo. Posteriormente, uma série de jornais floresceu rapidamente, muitos deles saindo do mercado até 1910, com a colonização japonesa.

Esses jornais reservavam espaço em suas páginas para romances seriados, bem como para sijo e kasa, formas poéticas tradicionais. Os avanços no desenvolvimento das técnicas modernas de impressão viabilizaram a publicação comercial. Esses progressos propiciaram a ascensão do autor profissional, contrastando com o trovador, erudito ou poeta da era clássica. Surgiu uma nova forma literária denominada “sinsosol” (novo romance), atraindo leitores ávidos para consumir essas obras. Além disso, a máquina de impressão (que alguns historiadores apontam ter sido inventada na Coreia antes de Gutenberg iniciar seus trabalhos) permitiu a produção em massa de livros, que gradativamente se tornaram mais populares.

O trabalho empreendido pela Sinsosol teve início de maneira adequada durante os meados da década de 1890. A sua ênfase recaiu sobre tópicos ligados ao controle popular, à significância da educação, à crítica dos matrimônios arranjados e ao questionamento das antigas convicções, incluindo superstições. As temáticas abordadas mantiveram uma inclinação para assuntos contemporâneos, apresentando estilos descritivos e analíticos que diferiam do método filosófico, da narrativa cronológica encontrada na literatura clássica.

Nessas criações literárias, as lições morais continuaram a desempenhar um papel predominante. O castigo das ações malignas e as recompensas das ações virtuosas permeavam essas obras. Os personagens, em sua maioria, mantiveram-se arquétipos, destituídos de características individuais distintas. Isso se deveu ao fato de que, nesse ponto da evolução literária, o foco se concentrava primordialmente nas questões de modernização, em detrimento dos detalhes pessoais específicos de cada personagem.

Os protagonistas eram tipicamente representativos dos modernizadores, enquanto aqueles que resistiam às mudanças eram pintados como figuras malévolas. A prevalência de desfechos felizes era também uma constante, com os enredos sendo, em sua melhor formulação, tecidos a partir de uma série de acasos e eventos fortuitos.

Comparativamente à literatura precedente, essas criações literárias ofereciam uma nova faceta de realidade. Distanciavam-se dos enredos clichês e das figuras arquetípicas da ficção clássica. O cerne destas obras debruçava-se sobre dilemas de grande envergadura inseridos em contextos cotidianos. Esta característica não apenas atraía leitores, mas também incubava uma segunda geração de autores.

Kim Hyunggyu ressalta que essas composições literárias demonstravam uma notável inclinação para as questões contemporâneas, abarcando aspectos como “modernização, fortalecimento nacional, reformas educacionais e mudanças nos costumes sociais” (Kim 115). Em suma, a literatura coreana passou a ser quase exclusivamente voltada para os problemas concretos e específicos do período em que foram escritas ou ambientadas. Mesmo os romances biográficos, comumente centrados em figuras heróicas, direcionavam-se de forma marcante para a importância do nacionalismo e da consciência moderna.

Uma das pioneiras na ficção iluminista coreana foi publicada em 1906, intitulada “Lágrimas de Sangue” por Yi In-jik. Esta obra foi serializada no jornal “The Independence News”.

A narrativa apresentava a saga de uma família enfrentando dificuldades em P’yongyang durante a Guerra Sino-Japonesa. Ainda que, como parte do movimento sinsosol, “Lágrimas de Sangue” tenha sido escrito por um autor masculino, ele escolheu uma protagonista feminina para questionar as concepções da sociedade Joseon (nome histórico da Coreia) acerca das mulheres, retratadas como propriedades em vez de “cidadãs”. Nesta obra, uma jovem emergia como um símbolo de uma nação coreana moderna, entrando em contraste com sua mãe mais idosa e tradicional. Esta narrativa introduzia um dos primeiros relatos dos conflitos culturais que se desenrolariam entre os defensores das tradições e aqueles que almejavam forjar uma nação nova e moderna.

Logo após Yi In-jik, surgiu Yi Kwang-su, atuando como uma ponte entre o romance “novo” e o “moderno”. Ele é reconhecido como o pioneiro da literatura moderna coreana, apesar de também ter sido uma figura extraordinariamente controversa devido a suas posições políticas e filosóficas, as quais serão abordadas em breve. Yi Kwang-su propugnou por crenças surpreendentemente avançadas, incluindo a abordagem científica e o amor romântico.

Yi Kwang-su

Outros autores seguiram o caminho traçado, e o movimento sinsosol, que era escrito em hangul, continuou a ganhar mais popularidade ao longo desse período. Ainda que essas composições literárias mantivessem uma forte veia didática – agora, quase sempre em defesa dos ideais do Iluminismo – elas romperam com os romances abstratamente contemplativos e altamente artificiais da era clássica. Os enredos passaram a incorporar novas técnicas narrativas, como narrativas “fora do tempo”, e vozes mais prosaicas.

As narrativas biográficas também conquistaram espaço no cenário literário, porém, seu foco se ajustou para atender aos gostos do público iluminista. Isso implicou em apelos à emergente consciência nacional e em chamados vigorosos ao patriotismo. “Conto da Senhora Patriótica” (Chang Ji-yon, 1907) possivelmente foi a obra mais emblemática desse gênero.

A influência do Ocidente frequentemente chegava à Coreia por meio da China e do Japão, mas gradativamente se tornou mais direta. Em 1895, Yu Kiljun, o primeiro coreano a estudar tanto nos Estados Unidos quanto no Japão, publicou seu relato “Coisas Vistas e Ouvidas em uma Viagem ao Oeste”. Ainda no mesmo ano, John Scarth Gale, um proeminente tradutor de textos religiosos, verteu a obra “O Peregrino”, de John Bunyan, para o coreano. Gale também marcou o início de uma mudança paradigmática na Coreia ao traduzir muitas obras religiosas, contribuindo para a introdução do Cristianismo no país. A partir de 1895, Gale se dedicou a traduzir partes da Bíblia, e em 1910 uma versão completa foi finalmente traduzida e publicada na Coreia. Como resultado desses esforços, até o final do século XX, quase 30% da população havia aderido de alguma forma ao Cristianismo, superando amplamente o budismo em número de adeptos.

Por volta do século 20, ficou claro que havia uma divisão importante entre a literatura clássica e a moderna. Escolas foram estabelecidas, incluindo escolas para mulheres (Ewha), a abordagem científica era cada vez mais prevalente e o estudo formal da própria língua coreana conspirava para mudar a natureza dos escritores e o que eles escreviam. Mas, como observado no início, esta era uma era rápida e incompleta da literatura, porque em 1910, o Japão assumiu o controle colonial completo da Coreia, e pelo Movimento de 1 de março de 1919, o “novo romance”, que era essencialmente uma forma didática de entretenimento, foi completamente substituído pelo “romance moderno” que cada vez mais, sem abandonar todos os temas do “novo romance”, incorporou cada vez mais influências da literatura japonesa e moderna, e cada vez mais focado em problemas de sobrevivência nacional e / ou naturalismo, por razões discutidas após um desvio no próximo capítulo para examinar o papel dos tradutores no sucesso da literatura coreana no exterior.

Grande parte da literatura pós-guerra na Coreia do Sul trata da vida cotidiana das pessoas comuns e de suas lutas contra a dor nacional. O colapso do sistema de valores tradicional coreano é outro tema comum da época. No pós-guerra, surgiu um movimento tradicionalista: voltando às raízes dos ritmos tradicionais e dos sentimentos folclóricos. Outros poetas estão ligados a um movimento experimentalista, tentando trazer novas experiências para a poesia coreana.

No século 20, tornou-se evidente que estava se consolidando entre a literatura clássica e a moderna na Coreia. Instituições educacionais foram estabelecidas, incluindo escolas para mulheres, como a Ewha. A abordagem científica ganhou terreno e o estudo formal da língua coreana estava contribuindo para uma transformação na identidade dos escritores e no conteúdo de suas obras. Entretanto, essa época foi marcada por um progresso rápido e incompleto na literatura. Isso se deveu ao fato de que, em 1910, o Japão assumiu o controle sobre a Coreia. O Movimento de 1º de março de 1919 marcou uma virada significativa, quando o “novo romance”, uma forma de entretenimento didático, foi totalmente substituído pelo “romance moderno”. Esse novo gênero, mantendo elementos do “novo romance”, passou a incorporar influências crescentes da literatura japonesa e ocidental, concentrando-se cada vez mais em questões de sobrevivência nacional.

A maior parte da literatura do pós-guerra na Coreia do Sul lida com as vivências cotidianas das pessoas comuns e suas lutas diante do sofrimento nacional. O colapso do sistema de valores tradicional coreano emerge como outro tema recorrente desse período. Na era pós-guerra, emergiu um movimento tradicionalista que buscava um retorno às raízes dos ritmos tradicionais e às emoções folclóricas. Paralelamente, outros poetas se alinharam a um movimento experimentalista, buscando trazer novas experiências à poesia coreana.

Nos anos 1960, uma parcela considerável de escritores sul-coreanos iniciou uma rejeição à literatura do pós-guerra, a qual acusavam de ser um escapismo sentimental. Enquanto alguns autores mantinham um foco na humanidade tradicional, muitos outros transmitiam profundo sentimento de alienação e desespero em suas obras. A intenção era imergir os leitores na realidade política da época, transformando, assim, a poesia e a literatura em veículos expressivos de natureza política. Nesse período, a influência do modernismo ocidental também teve um papel significativo no desenvolvimento literário.

Durante a década de 1970, emergiu uma literatura que se manifestava como antiestabelecimento e que abordava as inquietações derivadas da industrialização acelerada, incluindo a marginalização dos agricultores. Concomitantemente, a literatura associada à divisão nacional (bundan soseol) ganhou maior popularidade. No início do século XXI presenciou a continuação da relevância da temática da divisão nacional, ainda que histórias de natureza clássica também encontrassem aceitação.

Até a década de 1980, a literatura sul-coreana permaneceu amplamente desconhecida além das fronteiras da península. No entanto, houve uma diversificação crescente no tipo de obras traduzidas, acompanhada de uma melhoria na qualidade das traduções. Um marco importante foi a publicação da antologia “Flowers of Fire” (1974) de Hwang Sok-yong, que se configurou como uma das primeiras compilações da literatura coreana a ser traduzida para o inglês. A crescente popularidade do cinema sul-coreano exerceu um impacto na ampliação do interesse pela literatura de mercado em massa no país.

O boom cultural dos anos 1990 e 2000 trouxe maior visibilidade à literatura sul-coreana, em parte devido à popularidade da onda coreana (Hallyu) e do cinema sul-coreano. Autores como Gong Ji-young e Shin Kyung-sook ganharam reconhecimento internacional por suas obras.

A literatura moderna sul-coreana aborda uma variedade de temas, desde questões sociais e políticas até reflexões sobre a identidade, a globalização, a tecnologia e as complexidades das relações humanas. Ela também se destaca por sua diversidade de estilos, incluindo obras experimentais, narrativas realistas e histórias emocionais. No geral, a literatura moderna da Coreia do Sul é um espelho da evolução da sociedade sul-coreana, capturando as mudanças, desafios e triunfos ao longo do tempo.

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